Todos nós sabemos que os seres humanos, desde pequenos, aprendem por imitação. É só ver como uma criança consegue repetir as atitudes dos adultos, como, por exemplo, uma careta, um sorriso ou um movimento com a cabeça. Os responsáveis por essas habilidades em nós são os neurônios espelho. Porém, a novidade está no fato da neurociência revelar os mistérios escondidos na química dos processos de aprendizagem.
Segundo a psicopedagoga e escritora Dra. Nádia Bossa, esse estudo vai favorecer descobertas cada vez mais precisas de como o cérebro compreende o mundo a sua volta e como somos capazes de criar situações que podem facilitar o nosso entendimento das coisas. “Uma das áreas que pode se beneficiar muito é a educação infantil”, diz.
Ela explica que os neurônios espelho foram associados a várias modalidades do comportamento humano, como, por exemplo, a imitação, a teoria da mente, aprendizado de novas habilidades e a leitura da intenção em outros humanos. “E grandes pesquisas vêm mostrando que a disfunção desses neurônios pode estar envolvida com a gênese do autismo”.
A psicopedagoga explica que, segundo os estudiosos, os neurônios espelho podem ter contribuído para o início da linguagem humana, servindo de base para a apropriação simbólica de atos motores. “E o comportamento autista reflete um quadro compatível com a falha desse sistema do cérebro”.
– Por esse motivo vem-se relacionando a sua disfunção com o autismo. Crianças com esse problema possuem dificuldades para se expressar, compreender e imitar sentimentos, como, por exemplo, medo, alegria ou tristeza. Então, fecham-se num mundo particular e acabam desenvolvendo sérias dificuldades de socialização e aprendizado – exemplifica.
Bossa ainda diz que, desde a descoberta dessa particularidade do cérebro em primatas (não-humanos), vários estudos utilizando ferramentas de neuroimagem tentam localizar e mapear a presença desses neurônios em nossa raça. Durante testes, esses neurônios disparavam quando, o animal em análise, realizava ações específicas ou quando ele observava o mesmo movimento feito por outro ser da mesma espécie ou por um pesquisador. “Ou seja, os neurônios espelho, quando ativados pela observação de uma ação, permitem que o seu significado seja compreendido automaticamente (de modo pré-atencional)”.
Ela argumenta que a novidade não está em entender que nós aprendemos por repetição. Porém, os pesquisadores não sabiam era qual o correspondente cerebral, biológico e orgânico que explicaria essa diferença. Ou seja, que efeitos isso teria sobre o cérebro (substrato orgânico que suporta a aprendizagem) daquele que se pretende ensinar.
E isso, segundo a Dra. Nádia, é visto com bons olhos na educação infantil. Dessa forma, mostra que não se pode perder o foco quando está se ensinando alguém (no caso, a criança). O profissional deve estar atento e com a mente presente o tempo todo no aluno e no seu objetivo, e não simplesmente realizar sua tarefa de maneira mecânica sem propósitos específicos. Ou seja, desde esse momento na fase dos estudantes, a educação deve ter objetivos bem determinados. “Parece óbvio, mas faz toda diferença o professor estar determinado a ensinar e ficar focado nisso”.
– E uma vez que pode ser comprovado, fica muito mais fácil explicar, e convencer um professor, da importância de estar diante do seu aluno por inteiro, de corpo e mente, com o propósito verdadeiro de obter desse educando uma determinada conduta (resposta, ação e compreensão) – conclui.
Fonte: Nádia Bossa - http://dicaspaisefilhos.com.br/categoria/bebes-e-criancas/desenvolvimento/page/16/